Eu não entendi, pode repetir, por favor? A vergonha de quem está aprendendo uma nova língua!!
Um dos sinais de que o imigrante ou expatriado está se autosabotando na aprendizagem ou aperfeiçoamento de uma nova língua, é quando tem vergonha de dizer que não entendeu uma frase ou uma palavra durante uma conversa e consequentemente pedir para repetí-la, seja em contexto com amigos, familiares, conhecidos ou no trabalho.
Este comportamento - de não demonstrar que não entendeu e pedi que repita - atrasa o desenvolvimento cognitivo de aprendizagem e impede que evolua na aquisição do novo idioma.
Como falante de português, tendo como segunda língua o inglês, e em processo consistente e persistente na aprendizagem da língua holandesa, sei bem o quanto é difícil pedi para repetir e observar muitas vezes o olhar de espanto, reprovação, ou incômodo, e a famosa pergunta "Há quanto tempo você mora aqui?".
Independente destas situações incômodas e que são legítimas nós sentimos, não podemos esquecer que existe um idioma para aprender e que ao conseguirmos utilizá-lo, nossa vida será mais fácil e muitas oportunidades serão mais aproveitadas em função do novo idioma.
Como então lidar com esta vergonha? Como dizer "eu não entendi" e ainda pedi que repita a frase sem se sumcubi?
Por trás deste contexto estão a demonstração de uma vulnerabilidade que é falar " eu não entendi" e ao mesmo a coragem de perguntar-pedindo "você poderia repetir?". Para que alguém consiga fazer isso, é necessário que esta pessoa tenha uma autoestima solidificada, uma autoconfiança de que está preparada para receber um "sim" ou um "não" e ser capaz de continuar se sentindo mais ou menos confortável na socialização com quem negou.
Com a minha experiência como imigrante em dois países, Inglaterra e Holanda, a maior parte das vezes, as pessoas irão repetir, mesmo que estejam incomodadas com a nossa dificuldade de entendê-las. Uma dica para você que está lendo este artigo: se alguém se mostrou incomodada (o) com sua solicitação, o problema está nela. Observe como os nativos no país em que você mora, frequentemente pergunta a outro nativo o que ele está dizendo, pede para repetir ou diz que não entendeu. Nós mesmos fazemos isso quando estamos em uma ambiente relaxado com os amigos de mesma nacionalidade e língua. Então perguntar para repetir uma frase poque não a entendeu, faz parte de uma normal comunicação.
Em um ambiente de sala de aula, acredito que para a maioria não seja diíficl demonstrar sua dificuldade e dizer que precisa de ajuda. Ou seja, que não entendeu e que precisa que repita. No ambiente de aprendizagem formal, espera-se que estas dificuldades existam, de não compreender uma nova frase. É um ambiente que podemos mostrar as nossas fragilidades e vulnerabilidades.
Infelizmente, há muitos expatriados/imigrantes que mesmo em um ambiente de escola, ou com professor particular, tem vergonha de dizer que não entendeu. Sua, treme por dentro e se cala. Aqui há um fator complicador que envolve a ansiedade e medo de não aprovação, e para esta situação é importante buscar apoio de profissional de psicologia para terapia, a fim de eliminar este quadro.
Se em um ambiente onde você está pagando para aprender um idioma, você não se sente à vontade para perguntar, dizer que não sabe e arriscar a praticar a nova língua, provavelmente seu desenvolvimento será muito lento e quem sabe nunca conseguirá avançar para níveis superiores de proficiência. É essecial eliminar esta situação! Busque ajuda o quanto antes!!
Entretanto, há pessoas que moram no exterior, que dentro do ambiente formal de sala de aula, com professores os apoiando, estes conseguem se desenvolver, mas quando estão com amigos, conhecidos ou em ambiente com familiares e trabalho, elas travam.
O nível de ansiedade é enorme, o perfecionismo é exacerbado, e o medo de críticas e de não ser admirada(o) as consomem. Sem deixar de frisar da vergonha de errar, que as paralisam impedindo que aprenda mais através dos erros cometidos. Ou seja, na hora de "vamos ver", na realidade do dia a dia, estas pessoas veêm o dinheiro e tempo que investiram na aprendizagem da nova língua, serem disperdiçados. Para estes casos, o trabalho de ajuda será na eliminação destes sentimentos de desamparo, no fortalecimento da autoconfiança, na resignificação do errar e do pedi ajuda.
Para cada tipo de necessidade, o dos que precisam primeiro ficar livres para aprender no ambiente formal, e para aqueles que precisam colocar em prática o que aprendem nas escolas de língua ou seu self studie, haverá um manejo terapêutico diferente, mas com o mesmo objetivo: aplicar o novo idioma no seu cotidiano, comunicando de forma clara, buscando ajuda quando necessário, e simultaneamente, manejando os sentimentos de medo, vergonha, autoexigência.
Com os clientes que possuem uma dificuldade com a língua estrangeira do país em que vivem, por meio de exercícios práticos, o meu trabalho nas sessões é focar nos sentimentos e autoimagem que estas pessoas têm de si mesmas, a fim de ajudá-las a eliminar a vergonha exarcebada, o medo das críticas e dos erros, da autoreprovação, e fortalecendo sua autoestima e liberando-se para realmente aprender e aplicar o novo idioma em sua vida cotidiana.
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